sexta-feira, 29 de julho de 2022

I - Curtindo o 20

Por Leda Chaves


Introdução


Linha de ônibus alternativa 20
Linha suplementar 20.

Havia muito tempo que eu tinha vontade de escrever um livro. Já tinha vivido tantas histórias diferentes que pensei que poderia registrá-las para que outras pessoas pudessem desfrutar e aprender com elas. Então desde que o meu segundo esposo faleceu, em 2009, eu fiz várias tentativas de começar um livro. A princípio, pensei em escrever um livro de poesias porque tinha guardadas muitas que tinha escrito durante toda a minha vida. Depois, pensei em publicar uma história surreal que vivi quando estava me separando do meu primeiro marido. Essa ideia também não funcionou.

Um dia, navegando na internet, encontrei virtualmente, uma pessoa ligada à área de montagem de comerciais e que tinha vontade de produzir um filme de arte. Comentei com essa pessoa, que eu tinha inclinações artísticas. Ela disse que tinha estudado cinema e comentou que eu tinha um rosto cinematográfico e que as pessoas iam querer ver o filme se vissem a minha foto no cartaz de divulgação. Eu achei aquilo tudo diferente. Quando a gente não é da área, não olha o rosto das pessoas com essa perspectiva. Essa mesma pessoa, quando eu comentei sobre como eu me sentia só, disse o seguinte: “Nós artistas somos diferentes e temos que criar um grupo de amigos com pessoas como nós. Nós não nos encaixamos nos outros círculos. Assim, convivendo com pessoas que pensam e sentem da mesma maneira, você vai se sentir mais acolhida.” Depois disso, nunca mais falei com ela. Parece que ela tinha vindo só para me dar aquele recado. Naquela época, eu não consegui seguir as sugestões dela. Continuei sentindo-me sozinha e fui vivendo assim.

Em 2010, através de um concurso, consegui um trabalho temporário na prefeitura, que duraria dois anos. Para chegar ao trabalho, eu comecei a utilizar uma linha de ônibus suplementar número 20. Utilizando diariamente essa linha, depois de certo tempo, comecei a notar as pessoas que viajavam comigo. Havia algumas que permaneciam no ônibus durante o mesmo percurso que eu, outras, durante uma parte do percurso e, outras, eu via uma ou duas vezes. Muitas vezes, acontecia de eu interagir com elas de alguma forma. Comecei a achar tudo aquilo muito interessante e passei a dar nomes àquelas pessoas, como se fossem personagens de um livro de contos. Comentando um dia, com um amigo, ele disse: “Escreva as histórias pra você não esquecer!” Segui o conselho dele e fui registrando as histórias do 20 sem muita preocupação. Fui apenas registrando. Por causa disso, criei também a personagem que me representaria, a qual um amigo deu o nome de Margarida. Margarida era aquela mulher que morava dentro de mim, e, por causa do acidente com a árvore em 07 de outubro de 2009, tinha aparecido de novo. E, agora, tinha nome. Ela emergiu para viver essas viagens interessantes, com alegria e bom humor, tendo sempre uma visão otimista e esperançosa da vida, acompanhada de muita coragem e decisão.

Espero que vocês, meus amigos leitores, desfrutem, como eu, de tudo que a Margarida viveu e ainda vive... porque ela existe mesmo! Então, vamos lá, curtir o 20 junto com a Margarida!

2 comentários:

Todas as publicações deste blog pertencem à Leda Chaves Erdem.

Neste blog, todos os comentários serão moderados.