quarta-feira, 26 de junho de 2013

15 - Bulutkale - jornada em busca de um sonho

Capítulo 15


Entrada de Phaselis - Antália - Turquia

Entre kaş e Antalya, o Ibrahim levou a Margarida para conhecer Phaselis. Porém, ele sempre fazia o planejamento sem falar com ela antes e ela não estava achando aquilo justo. Por exemplo, em Phaselis, Margarida poderia ter tomado um banho de mar. O dia estava quente e o lugar era situado às margens do mar Mediterrâneo e era permitido nadar. Porém, como ela não estava com o maiô por baixo da roupa, não pode escolher. Margarida não se sentia muito à vontade com aquele comportamento.

Ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Phaselis era um sítio arqueológico lindo e muito tranquilo. Tinha uma praia de pedras numa baía do Mediterrâneo. Estavam lá alguns turistas australianos, que eram capazes de nadar naquela água gelada. Como o Ibrahim não tinha prevenido a Margarida sobre a oportunidade de nadar, ela só pode molhar os pés na água. Mas ela se sentiu tão bem ali que até meditou. Porém, não por muito tempo porque a mãe dele jogou pedrinhas nela para trazer a Margarida de volta. Margarida estava tão feliz que nem se importou com aquilo. Em outros tempos, aquilo teria sido motivo de grande estresse. Mas, àquela altura do campeonato, Margarida sentia-se tão bem naquele país que estava tudo ótimo. Além do mais, Margarida adorava desafios e, permanecer acima de toda aquela provocação era um desafio que a Margarida estava gostando de enfrentar. E vocês já notaram que ela conseguiu administrar o seu e o comportamento da mãe do Ibrahim, a Sra Türkan (em turco, seria Türkan hanım) com muita propriedade.

Ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Praia nas ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Praia nas ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Praia nas ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Praia nas ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Depois de certo tempo deitada nas pedras, desfrutando o calor do sol, com proteção é lógico, foram visitar as ruínas de Phaselis.

Ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Margaridas nas ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

O lugar era lindo, cheio de árvores altas e verdes. Havia muitas margaridas miúdas por todo lado. Foram caminhando pelas ruínas e a Margarida observava tudo. Atravessaram e alcançaram o outro lado, onde havia um porto. Era lindo mesmo o lugar! Margarida, como sempre, quis andar mais pelas ruínas e, àquela altura do campeonato, já sabia que estaria sozinha. Eles estavam lá, mas não estavam.

Praia nas ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Seguiram caminhando e a Margarida quis visitar o teatro. Como sempre, foi sozinha porque a Sra Türkan não conseguia subir escadas por causa do tal problema no joelho. O teatro ficava bem acima do nível do mar. Margarida subiu as escadas e chegou à arena do teatro.

Ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Ainda estava inteiro. Margarida alcançou o nível mais alto e se sentou. De lá, dava para ver as montanhas ao longe, ainda cobertas de neve. Ficou sentada lá por um tempo sentindo a energia do lugar e observando as próprias reações. Começou a solfejar uma canção e não sabe quanto tempo ficou assim. Quando sentiu que era hora de voltar, desceu para encontrar o Ibrahim e a mãe dele. Os celulares tinham ficado no carro e, por isto, teve paz e tempo suficiente para desfrutar enquanto quisesse.

Teatro em ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Teatro em ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Teatro em ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Teatro em ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Teatro em ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Quando desceu, deparou-se com uma cena pitoresca: Ibrahim e a mãe dele estavam sentados em cadeiras de plástico, alimentando patos e gansos. Margarida aproximou-se sem cuidados e, de repente, o ganso partiu para cima dela e lhe deu uma bicada na perna. Não doeu. Ela assustou-se e perguntou ao Ibrahim porque aquilo tinha acontecido. Ele respondeu, sem levantar o olhar: “Porque ele é um ganso!”

Ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Patos e gansos nas ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Deixando as ruínas de Phaselis - Antália - Turquia

Depois disso, voltaram para o carro e seguiram viagem para Kaş.

Kaş - Antália - Turquia

Loja em Kaş - Antália - Turquia

Kaş - Antália - Turquia

Tumba em Kaş - Antália - Turquia

Kaş - Antália - Turquia

Kaş - Antália - Turquia

Kaş era uma cidadezinha muito simpática, cheia de ruas estreitas e coloridas, que encantaram a Margarida. Foi lá que ela viu, pela primeira vez, peças de metal para jogo de xadrez. Eram lindas e a Margarida lembrou muito do filho que adorava jogar xadrez. Tinha também um porto agradável, cheio de barcos coloridos. Margarida ficou pensando se Kaş era um bom lugar pra se viver. Era cheia de lojas coloridas, com de pequenos presentes e luminárias. Havia também lojas que vendiam objetos antigos. Infelizmente, ficaram pouco tempo lá porque, naquele mesmo dia, tinham que chegar em Fethiye.

Seguiram viagem. A estrada ladeava o Mar Mediterrâneo e era conhecida como Via Lícia. As emoções que a Margarida sentiu durante o trajeto eram muito intensas e, já que o Ibrahim não se sentia confortável como passageiro, Margarida desfrutou da paisagem como nunca. Eram muitas curvas e o carro sacudia muito. Margarida tirou muitas fotos, filmou e cantou. Ela adorava cantar e, às vezes, isso acontecia tão naturalmente que, quando ela se dava conta, já estava cantando.

Mas a Margarida não entendia porque o Ibrahim e a mãe dele estavam sempre correndo, sempre com pressa. Margarida tinha um ritmo diferente. Gostava de apreciar os detalhes, de sentir a energia do lugar e das coisas. Margarida estava em busca de algo que ela não sabia bem o que era e, por isso, ela queria ir com calma. Apesar de se sentir assim, Margarida procurava sempre se adaptar e seguiu viagem com eles.

Fethiye - Turquia

A viagem não foi tão longa. As montanhas eram lindas e a Margarida desfrutou muito da paisagem. Ela notava que o Ibrahim estava cansado, mas parecia que ele só sabia viver assim, correndo pra cima e pra baixo, dando o melhor de si para vencer os desafios e, mais uma vez, não quis deixar a Margarida dirigir para poder descansar um pouco. Durante a viagem, Margarida ouviu o Ibrahim suspirar muitas vezes. Ofereceu-se mais uma vez para dirigir, mas ele não aceitava. Enfim, ela desistiu. Ficou lá pensando em como os homens tem algumas características psicológicas parecidas em todo o mundo. Os homens, em geral, gostam muito de dirigir e nunca encontram um momento para compartilhar isso, mesmo quando estão muito cansados. Margarida insistiu uma vez mais e, quando já estavam perto de Fethiye, o Ibrahim entregou o carro para a Margarida por longos vinte minutos. Estava muito ansioso e comeu as sementes de girassol freneticamente. Comeu o resto do pacote e, depois de descascar muitas sementes, livrou-se um pouco das tensões e voltou a dirigir, com a desculpa de que a Margarida não ia saber dirigir dentro da cidade. Ela não se importou. Estava em paz, dando o melhor de si para que aquela viagem fosse a melhor de sua vida.

Chegaram a Fethiye à tardinha. Deixaram as bagagens no hotel, jantaram e foram passear para relaxar e conhecer o lugar.

Comida Turca - Fethiye - Turquia

Fethiye também era um lugar muito agradável e tranquilo. Desceram para perto do porto e caminharam à beira mar. Haviam muitos barcos coloridos como em todo porto da Turquia. O ambiente era alegre e tranquilo.
Fethiye - Turquia

Caminharam, tiraram muitas fotos e, depois, sentaram-se num café muito acolhedor, à beira mar, onde o Ibrahim começou a ensinar a Margarida a jogar gamão. Ela gostou da estratégia do jogo e se interessou. Tomaram chá e, depois, a Margarida quis experimentar o café turco pela primeira vez.

Fethiye - Turquia

Fethiye - Turquia

Fethiye - Turquia

Fethiye - Turquia

Café turco em Fethiye - Turquia

O Ibrahim pediu o café e a Margarida experimentou com muita alegria. Era bem forte e saboroso e o perfume era muito bom. Depois, ele leu a sorte dela no café e disse muitas coisas sobre o futuro da Margarida. Porém, a Margarida sabia que podia construir um futuro diferente e já estava lutando para viver uma vida diferente.

Margarida também se aventurou a ler a borra do café, quando a Sra Türkan pediu a ela que dissesse o que via. Ingenuamente, Margarida falou sobre o que percebia. O Ibrahim tentou interromper muitas vezes, mas a mãe dele foi insistindo e a Margarida continuou. Na época, a Margarida não sabia do real significado daquela atitude da senhora. Isso, ela foi saber só muitos anos depois. Naquele momento, o destino da Margarida na Turquia estava sendo alterado.

Começou a esfriar e decidiram voltar para o hotel. Caminharam pela costa até o hotel e, já no final do trajeto, Margarida andou de braço dado com o Ibrahim. Mas, depois de certo tempo, ele pareceu desconfortável porque a mãe dele, que estava segurando no outro braço, largou e começou a caminhar sozinha, à frente. Então, sem aviso, o Ibrahim largou o braço da Margarida e foi caminhar com a mãe. Margarida só foi entender aquilo mais tarde, depois de conversar com outro amigo turco.

Vocês podem, apesar de tudo, imaginar a alegria da Margarida, não é? Ela estava vivendo tudo com muita intensidade e sentia-se muito grata ao Ibrahim por estar ajudando-a a realizar o seu sonho. Quem parecia que não estava muito feliz era a mãe dele. Ela não perdia uma oportunidade de implicar a Margarida. Quanto ciúme! Mas a Margarida procurava compreender e perdoar as implicâncias dela. Afinal, a situação dela não era muito confortável e perder a companhia do filho poderia ser meio trágico na vida dela. Ela dependia do Ibrahim para muitas coisas e não estava disposta a sair da situação de conforto que ele lhe dava.

Quando ela começava, Margarida fazia de conta que não entendia e deixava pra lá. Esse era o seu escudo: a barreira da língua. Ela não falava inglês e a Margarida fazia-se de desentendida mesmo quando percebia as intenções dela. E foi assim até Pamukkale.
 
Todos os dias sem exceção, Margarida acordava antes da Sra Türkan e, para não incomodar, levava o computador para o banheiro e ficava lá. E todos os dias, sem exceção, quando a Sra. Türcan acordava e não via a Margarida em sua cama, chamava pelo nome dela. Margarida não entendia bem a razão e respondia lá do banheiro. Aí a velha senhora se acalmava. Porém, quando estavam em Fethiye, Margarida já estava meio cansada daquelas implicâncias e, quando naquela manhã, estava no banheiro e ouviu a mãe do Ibrahim chamar o nome dela, ficou quietinha e não respondeu. E ficou assim até que a senhora veio bater na porta do banheiro. Aquilo era incrível! Por que ela tinha que fazer isso todos os dias? Será que ela tinha medo da Margarida amanhecer no quarto do filhinho querido? Será? Margarida não sabia, mas pressentia. E se divertiu a valer com o pânico da velha senhora.

A Sra Türkan não ficou nem um pouco satisfeita com aquilo e, na hora de sair do hotel, aproveitou para implicar a Margarida um pouco mais. Mas não deu certo, porque a Margarida estava muito atenta e neutralizou a ação dela. Quando a Margarida pegou a sua mala para descer as escadas, a Sra Türkan se apressou e começou a descer as escadas antes da Margarida. Postou-se bem no meio do caminho e começou a descer vagarosamente. Depois de descer alguns degraus, parou, ajeitou o cabelo e ficou lá parada por algum tempo. Margarida, percebendo a estratégia, nem começou a descer. Pôs a mala no chão e ficou observando-a lá de cima, esperando, calmamente, que ela descesse as escadas e chegasse ao outro andar. Quando a senhora chegou lá em baixo, não resistiu e olhou para trás e, como não viu a Margarida, olhou para cima e sorriu um sorriso amarelo. Seu olhar era de desagrado porque, naquele momento, ela teve a certeza da experiência e da sagacidade da Margarida e percebeu que as suas estratégias não iam funcionar com ela.

Assim que a ciumenta senhora deixou as escadas, Margarida pegou a mala, desceu rapidamente e chegou ao piso inferior sem grandes problemas. Porém, ali, naquele momento, ficou parecendo que a Sra. Türkan já tinha decidido que, depois de Pamukkale, ia voltar para Ankara e começou a pensar em como convencer o Ibrahim a interromper a viagem e deixar a Margarida.

Phaselis - Antália - Turquia

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