quarta-feira, 12 de junho de 2013

14 - Bulutkale - jornada em busca de um sonho

Capítulo 14


Estrada para Antália - Turquia

Seguiram viagem cheios de expectativas. A certa altura, Margarida notou que o Ibrahim estava muito cansado e quis ajudar, mas ele, como todos os outros homens do mundo, preferiu continuar dirigindo. Ela lamentou profundamente por ele porque sabia que, ao final do dia, estaria tão cansado que nem poderia aproveitar para dar uma volta pelo calçadão muito agradável que havia em Antalya.

Restaurante na estrada para Antália - Turquia

No meio da tarde, pararam para almoçar. O restaurante era simples como sempre, mas a comida era muito boa. Dessa vez comeram lahmacun, uma espécie de pão com carne moída e chá turco.

Comida Turca chamada lahmacun

Chá turco

A estrada era linda. Atravessaram a serra de Taurus. Uma paisagem lindíssima e diferente. Como em todo local montanhoso, a estrada serpenteava pela serra. A paisagem era linda e Margarida começou a notar que a parte mais alta da montanha estava coberta de neve. Era lindo ver o céu tão azul e a neve tão branquinha lá em cima. Mas Margarida sentia frio só de olhar. E foram seguindo. Margarida viajava tranquila porque o Ibrahim era um motorista muito cuidadoso e seguia numa velocidade bastante adequada para a estrada.

Estrada para Antália - Turquia

Estrada para Antália - Turquia

Estrada para Antália - Turquia

Estrada para Antália - Turquia

Estrada para Antália - Turquia

Estrada para Antália - Turquia

Estrada para Antália - Turquia

Ela estava feliz, porém preocupada com o cansaço que aquela viagem ia causar ao Ibrahim. Naquele dia, o pôr do sol foi maravilhoso. Já estavam num ponto em que podiam ver o mar mediterrâneo do alto da serra. Ibrahim parou numa barraca dessas de beira de estrada que vendem frutas para comprar banana. Margarida não gostava de bananas cruas e não deu muita importância ao fato. Ficou procurando um bom ângulo para fotografar o sol. O Ibrahim e a mãe dele compraram uma semente e deram para a Margarida experimentar. Ela comeu uma. Comia-se tudo, inclusive a casca. Era um sabor bem forte, diferente, adocicado. Margarida não gostou muito. Ficou meio enjoada e, depois, teve um pouco de diarreia. Mas se recompôs rapidamente porque tomava muita água.

Pôr do sol na estrada para Antália - Turquia

Desceram a serra e chegaram a Antalya já bem tarde. Lá do hotel, Margarida olhou e viu a Serra de Taurus. Quando olhou na direção oposta defrontou-se com o majestoso mar Mediterrâneo. Eram as águas mais lindas que a Margarida já tinha visto em toda a sua vida. Deixou a serra para trás e passou a admirar o mar. Azul era pouco para definir a cor tão profunda. Águas completamente transparentes e limpas. Era assim o mar Mediterrâneo em Antalya.

Chegaram todos muito cansados. Registraram-se e seguiram para os quartos. O Ibrahim ficou num quarto separado dessa vez e a Margarida dividiu o quarto com a mãe dele. Ela só falava turco e a Margarida ficou pensando em como ia ser aquele dia, ou melhor, aquela noite. Jantaram no hotel e foram se deitar. O cardápio era sempre comida turca porque estavam num hotel que não era destinado a turistas estrangeiros. Isso era muito bom porque a Margarida queria experimentar tudo que pudesse. Margarida dormiu normalmente e nem acordou com o canto do homem da mesquita. Levantaram-se e tomaram o café da manhã no hotel, desfrutando de uma vista esplendorosa.

Hotel em Antália - Turquia

Depois do café saíram para passear pelo jardim do hotel e a Margarida viu uma escada que dava lá em baixo, no mar. Claro que ela desceu para ver se dava para dar um mergulho. Desceu muitos metros e chegou bem pertinho do mar, mas achou melhor não entrar no mar porque estava sozinha. A mãe do Ibrahim não tinha condições de descer. Margarida ficou lá, olhando o mar, até que avistou dois jovens nadando pelas redondezas. Quando eles viram a Margarida, ficaram muito animados, animados demais para o gosto dela e, por isso, ela decidiu voltar para o jardim do hotel.

Hotel em Antália - Turquia

Hotel em Antália - Turquia

Hotel em Antália - Turquia

Hotel em Antália - Turquia

Hotel em Antália - Turquia

Saíram então para caminhar pelo calçadão que seguia os contornos da costa. O mar ficava lá embaixo e a vista era algo emudecedor. Margarida olhava tudo com muita atenção e tinha vestido o maiô por baixo da bermuda caso fosse possível nadar. Margarida queria muito experimentar as águas do mar Mediterrâneo.

Antália - Turquia

Depois de caminhar um pouco, entraram em um parque. Caminharam por entre as árvores e a Margarida sentiu o cheiro de ervas, quando chegou perto da borda. Ela pensou: “Gente, essas são as ervas do Mediterrâneo! Aqui parece mato!” Era primavera e havia muitos ninhos de passarinho, principalmente andorinhas.

Antália - Turquia

Antália - Turquia

Antália - Turquia

Antália - Turquia

Antália - Turquia

Antália - Turquia

Ninho de andorinha em Antália - Turquia

Antália - Turquia

Eram tantas as novidades que a Margarida se deslumbrava. Estava atenta a todos os detalhes. Não queria perder nada. Foi fotografando tudo. Continuaram caminhando e se sentaram numa praça para descansar. A mãe do Ibrahim sentou-se num dos bancos e começou conversar com uma outra senhora que também era muçulmana. Os muçulmanos tinham esse hábito. Quem olhava de longe pensava que elas eram amigas de longa data. Margarida sentou-se ao lado do Ibrahim que estava totalmente absorto pelo seu celular.

Antália - Turquia

Antália - Turquia

Antália - Turquia

Margarida tinha notado que a Sra Türkan tinha gostado muito da pulseira de coco que ela usava e aproveitou esse momento de relaxamento para perguntar ao Ibrahim se ela poderia dar a pulseira para a mãe dele. Ele disse que não era necessário, que a pulseira era dela (da Margarida), mas a Margarida insistiu e ele concordou. Margarida, então, se levantou e tirou a pulseira do pulso e entregou para a Sra Türkan. Ela ficou muito surpresa, mas aceitou de bom grado e colocou no braço. Infelizmente, a pulseira ficou meio apertada e ela não conseguiu usar por muito tempo.

Gato de rua em Antália - Turquia

A Turquia era o país dos gatos. Em toda parte e em todo lugar que se ia, podia-se ver gatos de todos os tamanhos e cores. Estavam sempre descansando à sombra de alguma árvore ou ruína. Como as aves, eram, também, muito amigáveis. Enquanto descansava, Margarida notou um gato sobre a mureta de proteção do calçadão. Estava lá, bem tranquilo, relaxando.

Antália - Turquia

Tumba em Antália - Turquia

Depois de descansados seguiram caminhando e chegaram ao Museu de Arqueológico de Antalya. Para entrar no museu, Margarida teve que guardar a sua mochila num guarda-volumes. A chave era um segredo que era criado pelo próprio usuário. Margarida achou bem interessante. Deixou a mochila, mas levou a câmera porque nesse museu eram permitidas fotos, só não era permitido o uso do flash. Levou a câmera mas esqueceu de trocar os óculos escuros e entrou no museu com eles. Quando a Margarida se deu conta disso, já estavam dentro do museu e ela decidiu ficar com eles mesmos. 

Demoraram muito tempo porque o museu era enorme. Havia muito para se ver. Muitas esculturas de mármore, tumbas, representações de cômodos típicos como salas de banho turco, moedas antigas etc. Margarida já sabia que ia andar sozinha e seguiu, intuitivamente, o seu caminho pelo museu. De vez em quando, a Margarida encontrava-se com o Ibrahim e a mãe dele. Margarida estava deslumbrada com a riqueza cultural daquele país tão cheio de história. O museu era lindo, bem cuidado e por toda a área do museu havia bancos para as pessoas descansarem ou ficarem ali desfrutando da atmosfera mística que reinava naquele lugar. Pois foi num desses bancos macios que a mãe do Ibrahim se sentou para descansar. O Ibrahim ficou lá com ela e Margarida seguiu visitando. Margarida filmou e fotografou muito. Os outros turistas colaboravam e tiravam fotos da Margarida.

Museu de Arqueologia de Antália - Turquia

Museu de Arqueologia de Antália - Turquia

Museu de Arqueologia de Antália - Turquia

Museu de Arqueologia de Antália - Turquia

Museu de Arqueologia de Antália - Turquia

Museu de Arqueologia de Antália - Turquia

Museu de Arqueologia de Antália - Turquia

Museu de Arqueologia de Antália - Turquia

Museu de Arqueologia de Antália - Turquia

Quando a Margarida, finalmente, chegou à saída, o Ibrahim e a mãe dele estavam esperando por ela no jardim, sentados nos bancos do café. O jardim era lindo e tinha um pavão morando lá. Margarida tinha notado que, na Turquia, as pessoas conviviam muito bem com as aves. Os pássaros eram sempre amigáveis e se aproximavam sem nenhuma cerimônia. E, também, não saíam voando quando a gente se aproximava. Vocês devem estar imaginando como a Margarida estava adorando a Turquia. Margarida comprou uma garrafa de água no café. Era impressionante como o Ibrahim e a mãe dele bebiam pouca água.

Café em Museu de Arqueologia de Antália - Turquia

Museu de Arqueologia de Antália - Turquia

Pavão em Museu de Arqueologia de Antália - Turquia

Depois do museu, Margarida seguiu sozinha para a praia, porque o Ibrahim ia voltar para o hotel para descansar. A viagem até Antalya tinha sido pesada demais para ele. A mãe dele também voltou para o hotel, porque tinha se cansado no museu. E lá foi a Margarida.

Antália - Turquia

Antália - Turquia

Ela caminhou um bom pedaço para chegar até lá. No entanto, a visão do mar mediterrâneo era como um bálsamo para a alma da Margarida. E ela aproveitou aquela caminhada solitária para fazer muitas reflexões. Ao final do calçadão, Margarida desceu uma encosta para chegar à praia e, qual não foi sua surpresa, quando viu que a praia era coberta de pequenas pedras coloridas, um tipo de cascalho rolado. Era linda e as pessoas se deitavam diretamente sobre as pedras, sem esteiras ou toalhas.

Praia em Antália - Turquia

Margarida não ia poder nadar porque estava usando a sua segunda pele, isto é, o porta-dinheiro onde guardava seu dinheiro e seu passaporte e outros documentos importantes. Como estava sozinha, não havia ninguém para tomar conta do passaporte para ela. Mas decidiu sentar-se próxima ao mar e molhar um pouco os pés. E foi lá. 

Tinha gente de todo jeito na praia. Turistas de biquini, muçulmana de casaco e cabelos cobertos por echarpes lindíssimas, um homem meio bêbado usando uma bermuda branca relaxada e praticamente transparente que tentou falar com a Margarida, crianças e adolescentes correndo pra lá e pra cá até quase atropelarem a Margarida, mulheres de short e a Margarida.

Praia em Antália - Turquia

Praia em Antália - Turquia

Margarida tinha comprado um maiô por causa dessa viagem, porque os seus biquínis eram muito pequenos para um país como a Turquia. Por cima do maiô, vestiu uma bermuda com altura nos joelhos, uma camisa estampada, fina, que combinava com o maiô e ia servir de saída se fosse o caso dela conseguir nadar, e calçou os chinelinhos que a sua amiga Nanci tinha recomendado que ela levasse. Estava adequadamente vestida para quem estava andando sozinha. 

Desceu até perto da água e sentou-se. O mar era bem tranquilo ali, com pequenas ondas que iam e vinham calmamente. Fotografou e filmou, como sempre, para compartilhar, mais tarde, com os amigos, no blog. Ela não estava conseguindo postar como gostaria, mas estava escrevendo. Não queria fazer nada com pressa e não ia se preocupar demais com isso. Não queria perder nem um momento da viagem por causa desse assunto que poderia ser resolvido mais tarde.

Margarida tirou a camisa fina, mas manteve a bermuda. Deitou-se nas pedras e descansou um pouco. A caminhada até ali tinha sido bem longa. A mochila serviu de travesseiro e ela tirou um cochilo rápido. Foi rápido porém, o suficiente para repor as energias da Margarida. Ela resolveu então, que iria molhar, pelo menos, os pés na água. Foi se aproximando devagarinho porque as ondas já tinham construído uma pequena rampa com as pedras da praia. Andar de chinelo sobre aquelas pedrinhas era muito fácil, porém, andar descalça não foi fácil não. O pé doía um pouco e as pedras escorregavam e iam engolindo o pé da Margarida, como areia movediça. Era muito difícil manter o equilíbrio com a mochila as costas, mas a Margarida não desistiu não. Foi andando e molhou pés. De repente, veio uma onda maior e a Margarida teve que dar um corridinha pra não se molhar muito e quase caiu. Os adolescentes, que estavam prestando atenção à cena, riram muito da Margarida. Ela não se importou. Devia ter sido engraçado mesmo.

Praia em Antália - Turquia

Depois de matar a vontade de molhar os pés no mar mediterrâneo, Margarida decidiu voltar para o hotel. O dia ia terminar e ela não queria que escurecesse antes que ela alcançasse o hotel. E ela sabia que a caminhada de volta ia ser mais longa ainda. Margarida saiu da praia e voltou a caminhar no calçadão. O dia tinha sido lindo e o entardecer estava enternecedor. Margarida viu um bonde e pensou em pegar, mas ainda não ia saber como comprar o ticket ou onde descer. Não estava bem certa da localização do hotel e decidiu caminhar mesmo.

Antália - Turquia

Metrô de superfície em Antália - Turquia

Quando Margarida chegou ao hotel, encontrou o Ibrahim e a mãe dele já acordados. Ela tomou um banho gostoso e se preparou para saírem. O Ibrahim tinha morado em Antalya quando estava estudando e conhecia bem o lugar. Antes de ir à parte antiga da cidade, foram comer alguma coisa. Infelizmente, o restaurante que ele conhecia bem tinha fechado, mas logo encontraram outro.

Restaurante em Antália - Turquia

Comida turca chamada döner em Antália - Turquia

Naquele dia a Margarida experimentou döner. Era um tipo de carne de boi fatiada, assada como churrasco verticalmente, acompanhada de tomate, um pão fininho e pimentão. Margarida gostou, mas achou meio pesado para a noite. O chá não podia faltar. Na saída do restaurante havia um pote com cravos para mastigr e refrescar o hálito e o funcionário do restaurante espirrava colônia de limão nas mãos dos clientes que saíam. Saíram e foram conhecer a parte antiga da cidade.

Torre do relógio em Antália - Turquia

Loja em Antália - Turquia

Caminharam bastante. Passaram pela praça onde ficava a torre do relógio. Era bem movimentada e fazia parte da vida cotidiana de Antalya. Margarida olhava tudo com muita atenção. Havia muitas lojas com vários tipos de produtos e Margarida gostou muito de uma echarpe azul turquesa, fininha que combinava muito com as roupas que ela tinha levado. Comprou depois de consultar se o preço estava adequado. Seguiram o passeio até uma mesquita antiga que tinha um minarete estriado, do século 13. Margarida tentou tirar fotos do local, mas já estava escurecendo. Dali seguiram para o porto, onde Margarida pode experimentar o tal sorvete com textura de chicletes. O moço brincou com ela e ela se divertiu. O sorvete nem era tão bom assim. Bom mesmo foi a brincadeira.

Minarete estriado do século XIII em Antália - Turquia

Antália - Turquia

Sorvete turco em Antália - Turquia

Cidade baixa em Antália - Turquia

Depois de conhecer o porto, decidiram voltar para o hotel. Só que entre o porto e o hotel existia uma ladeira enorme que a Margarida tirou de letra. Quem se cansou no meio do caminho foi a mãe do Ibrahim e se sentaram num lugar muito agradável para descansar. Era uma pequena praça com canteiros em cujas bordas era permitido se sentar. Havia lá, um grupo de japoneses e um deles soltou logo uns três arrotos. Aquilo foi horrível e o Ibrahim comentou que, na Turquia, aquilo era considerado falta de educação. Logo depois, os japoneses foram embora e os três viajantes puderam descansar com sossego.

Antália - Turquia

Antália - Turquia

Antália - Turquia

Voltaram para o hotel e foram dormir. No dia seguinte, iam sair cedo em direção a Kaş e, depois, Fethiye. Levantaram-se cedo, mas nem tanto. Margarida acordava sempre cedo e ia para o banheiro para não incomodar a mãe do Ibrahim. Ela estava muito animada e queria escrever e se conectar à internet para conversar com os amigos brasileiros e turcos. A mãe do Ibrahim sempre chamava pela Margarida quando acordava e não a via na cama. Margarida continuava imaginando o por quê.

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