quarta-feira, 17 de abril de 2013

3 - Bulutkale - jornada em busca de um sonho

Capítulo 3


O dia amanheceu lindo, naquele domingo. Margarida estava cheia de expectativas. Sentia-se um pouco ansiosa e queria sair, já que o céu estava azul depois de muitos dias de chuva. Estava muito esperançosa e, em suas orações diárias, ela pedia a Deus para iluminar a sua mente e encher seu coração de amor. E era assim que se sentia. Tinha dormido uma parte da noite na rede. Dormiu enquanto assistia a um filme antigo, muito interessante, sobre uma história de libertação e amor, que era o que a Margarida estava vivendo novamente.

Sua vida tinha sido sempre marcada por coisas assim. Em algum momento de sua vida, ela sempre tinha que tomar decisões fortes e firmes, assim como “chutar o pau da barraca”. Era isso que tinha feito quando decidiu que estava na hora de ir à Turquia. Ela combinou a data com o Ibrahim, um amigo turco de trinta e dois anos, que ia acompanhá-la em seus primeiros dez dias naquele país tão misterioso para ela. Depois, com ajuda de seu amigo e cunhado, comprou as passagens. Ele tinha indicado uma agência na pessoa do Reinaldo, que orientou e ajudou a Margarida a fazer uma boa compra. No dia em que os bilhetes foram emitidos, Margarida até chorou. E, em todo momento que se lembrava do fato, chorava de novo. Era muita emoção, muita alegria.

O Ibrahim era um amigo muito querido, respeitoso e muito sério também. Já tinha vivido coisas muito difíceis em sua vida e, talvez por isso, era mais maduro do que a maioria dos homens de sua idade. Margarida e ele estavam conversando há quase um ano e existia entre eles muita amizade e confiança. Ela tinha ficado tão feliz quando ele aceitou o convite dela, que nem podia descrever o que sentiu. Ela ficou encantada com a sua generosidade, dedicando a ela parte de seus dias de férias para guiá-la em uma parte de sua viagem. Na verdade, ela tinha pedido a ele para ir com a ela a Pamukkale, por que achava que iria se sentir muito frágil lá e precisava de alguém que lhe desse apoio. E ele aceitou. Depois de algum tempo, conversando sobre a viagem e fazendo o planejamento, Margarida foi perguntando a ele quais cidades ela deveria visitar etc, e ele resolveu viajar com ela por uma semana. Disse que seria bom pra ele também.

“Puxa!”, pensou a Margarida emocionada, “Que bom que o Universo pôs o Ibrahim no meu caminho!”. Ela já estava com a documentação toda atualizada, inclusive a carteira de identidade. Mesmo não sendo necessário, Margarida atualizou também a vacinação. Ela estava planejando sua viagem numa planilha e, a cada sugestão de lugares, locais históricos e datas, ela anotava lá. Queria ter tudo bem definido, com possibilidades de mudança, é claro, já que não estava fazendo uma viagem convencional. Queria ter a flexibilidade de alterar o planejamento se surgisse alguma oportunidade mais interessante.

Ela agradecia, todos os dias, as coisas boas que aconteciam e que proporcionavam que a sua experiência fosse se desenvolvendo bem. Só tinha uma nuvem negra sobre Istambul. Quando a Margarida pensava em Istambul, uma sensação estranha percorria a sua espinha e o seu plexo solar esfriava. Então, resolveu planejar a ida àquela cidade com muito mais cuidado. Conversou com um jovem amiguinho turco, o Ömer, que se dispôs a ir com ela visitar os palácios que ele mesmo tinha indicado, sabendo que a Margarida era arquiteta. Ele era estudante de engenharia naval e estava morando em Istambul por causa do estudo. Desde que teve essa conversa com ele, aquela sensação sobre Istambul começou a se diluir um pouco. Já seria um dia a menos sozinha, naquela metrópole misteriosa e tão cheia de história.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Todas as publicações deste blog pertencem à Leda Chaves Erdem.

Neste blog, todos os comentários serão moderados.