quinta-feira, 3 de outubro de 2013

17 - Bulutkale - jornada em busca de um sonho

Capítulo 17


Pamukkale, Hierápolis, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Naquele dia, quando a Margarida sentou-se para jantar, a mãe do Ibrahim não perdeu a oportunidade de implicá-la porque ela comia pouco, ou porque ela não estava comendo carne. Gente, mas o que era aquilo?!!! Como sempre a Margarida fez de conta que não tinha entendido e continuou jantando a sua salada saudável. Eles terminaram bem antes e a Margarida disse que eles poderiam se sentir à vontade para voltarem para o quarto. Eles se alimentavam depressa demais e a Margarida gostava de comer com calma e conversar. A mãe do Ibrahim já tinha reclamado que a Margarida conversava demais durante as refeições e o Ibrahim explicou para ela que, segundo a cultura deles, as refeições deveriam ser feitas em silêncio, em respeito ao esforço feito para conseguir o alimento. Pois é, naquele dia, Margarida ficou calada comendo e observou que o Ibrahim e a mãe conversaram o tempo todo. Ao final, quando eles estavam olhando pra ela, ela aproveitou e disse para o Ibrahim: “Eu não posso conversar, mas vocês podem, não é? Ele olhou para ela meio sem graça e não disse nada.

Continuaram lá, esperando a Margarida terminar. E, quando ela disse que eles podiam ir, que ela ficaria bem, o Ibrahim disse que estava esperando ela terminar para conversar com ela um assunto especial. Margarida sentiu um aperto no coração e, quando olhou para a mãe ciumenta, teve a certeza que lá vinha uma má notícia. Quando a Margarida terminou, eles disseram que antes do jantar tinham recebido uma ligação da irmã do Ibrahim sobre a tal tia doente, que estava à beira da morte e, por isso, teriam que ir para lá para aguardar o falecimento e teriam que permanecer lá por mais uma semana para receber os cumprimentos dos amigos e conhecidos. E que, além do mais, não poderiam levar a Margarida porque iam se hospedar em casa de parentes. Margarida segurou as pontas para não chorar. Permaneceu sentada e refletiu durante alguns minutos. Depois, disse ao Ibrahim que ia pensar até o dia seguinte sobre que rumo ia tomar.

Voltou para o quarto, e pensou que, no mínimo, ia ter que arrumar a bagagem para carregar um volume só. Bateu na porta do quarto do Ibrahim e pediu a chave do carro para buscar todas as suas coisas. Ele já estava de pijama, pronto pra dormir. Como assim? Ela foi ao carro, buscou todas as suas coisas e voltou para quarto para decidir o que fazer. Novamente, pediu ao Universo que a ajudasse. Começou a arrumar a mochila para poder se acalmar e, à medida que foi colocando a suas coisas na mala, tudo foi ficando claro. Margarida tinha pedido ajuda ao Universo para ter uma viagem tranquila, sem ninguém que a implicasse o tempo todo por qualquer coisa e o Universo tinha ouvido os seus apelos. Agora era uma nova etapa da viagem e a Margarida ia ficar livre para desfrutar de tudo com muita alegria e profundidade.

Margarida passou a noite em claro, mas mesmo assim desfrutou da lua que estava lindíssima.

Lua, Pamukkale, Denizli, Turquia
Lua ao amanhecer em Pamukkale - Denizli - Turquia

A noite transcorreu tranquila até que, lá pelas 4:30 da manhã, quando a Margarida se deitou um pouco para descansar, ela começou a ouvir ruídos surdos no teto. Margarida não conseguiu dormir. Por causa desse novo roteiro, Margarida nem pode tomar banho nas piscinas de Pamukkale porque iam seguir viagem depois do almoço. Margarida tinha decidido ir para Selçuk para visitar Ephesus e, depois, lá, ela ia decidir para onde iria.

Na manhã seguinte, Margarida levantou-se, tomou um bom banho e preparou-se para o café da manhã. O apetite da Margarida não estava muito normal naqueles dias. E ela não tinha dormido direito. Mesmo assim, conseguiu se alimentar bem. Depois do café, voltaram para o quarto para finalizar a bagagem e fazer os acertos. O Ibrahim foi ao seu quarto para checarem as despesas. Acertaram e despediram-se. Foi um momento meio constrangedor para a Margarida, que não estava se sentindo nem um pouco confortável com aquela situação, e não tinha planejado ir à Hierápolis naquela correria. Sentia-se um pouco triste, mas continuava confiante no Universo. Deixaram o hotel e seguiram para as ruínas.

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Tumba em Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Chegaram ao local bem cedo, mas o sol já estava alto. Antes de entrar no complexo turístico, havia uma área com algumas ruínas de pequenos quartos abaixo do nível do chão, parecendo locais de descanso. Eram tumbas. Margarida imaginou que no inverno devia ser muito frio ali. Caminharam, visitando esses lugares e desfrutando da vista extraordinária que tinham do vale.

Flor Branca
Flor em Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Papoulas, Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Papoulas em Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Papoula, Pamukkale, Denizli, Turquia
Papoula - Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Entrada de Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Entrada de Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Entrada de Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Margarida estava nostálgica, calada, pouco sorridente, coisa que não era normal para ela. Estava quente e começaram a caminhar pelas ruínas. Margarida, que já estava engasgada, começou a soluçar baixinho. As lágrimas escorriam sem parar e o seu nariz ficou congestionado. Continuou caminhando e olhando tudo. E chorava. Ela não sabia definir o que estava sentindo. Só sabia que havia algo dentro dela que fazia com que chorasse muito.
   
Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Seguiram por dentro das ruínas e chegaram a um local onde havia também piscinas e muitos banhistas, um café, um restaurante e um jardim muito florido. A água era quente e muito clara. Do jardim, era possível ver que estavam trabalhando na restauração de um anfiteatro. Margarida olhou com certa alegria e tristeza ao mesmo tempo. Alegria porque estavam cuidando do lugar e tristeza porque sabia que não poderia ir lá. Pararam no café para comprar água e seguiram para conhecer a outra parte das ruínas.

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Piscina natural - Pamukkale - Denizli - Turquia

Piscina natural - Pamukkale - Denizli - Turquia

Pamukkale, Denizli, Turquia
Entrada de área de banhos em Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Área de banhos em Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Continuaram caminhando. O lugar era amplo e quase tudo estava destruído. Margarida continuava sentindo muita vontade de chorar. E chorava. Chorava muito. Mas não era aquele choro comum. Era um choro silencioso, que vinha do espírito. Era ele que estava chorando ali. Ele sabia porque, mas a Margarida, não. A certa altura, a mãe do Ibrahim se cansou e, pela primeira vez, o Ibrahim pediu a ela que se sentasse num banco e esperasse e seguiu com a Margarida. Ele tinha prometido à Margarida que ia acompanhá-la em Pamukkale, desde quando começaram a planejar a viagem. E estava cumprindo. Seguiu com ela, sempre à distância e, depois de algum tempo, o choro da Margarida começou a incomodá-lo. Talvez, depois de muitos anos sem ser capaz de se emocionar, ele estava consentindo com o sofrimento dela e não estava sabendo lidar com aqueles sentimentos.

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Em certo ponto das ruínas, Margarida começou a chorar intensamente, profundamente. Parou ali e chorou muito. Foi lá que o Ibrahim pediu a ela que parasse de chorar. Ela estava muito emocionada e cansada também. Havia um turbilhão de emoções dentro dela e, por isso, ela decidiu voltar daquele ponto. Tinha sido o bastante para aquela vez. Porém, naquele momento, Margarida teve a certeza que ia voltar lá. Não sabia como nem quando, mas sentiu isso dentro dela com muita força.

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Entrada do complexo de Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

No caminho da volta ela olhou com tristeza as piscinas de Pamukkale. Queria muito parar lá e molhar, pelo menos, os pés, mas não foi possível. Resignou-se e continuou confiante que as coisas estavam se encaminhando assim para o seu bem. Quando saíram de Hierápolis, já era quase uma hora da tarde. Seguiram, então, para Pamukkale. Antes de entrar no carro, Margarida despediu-se do Ibrahim e de sua mãe. Ela teve uma intuição que não ia ter tempo para fazer isso depois. Agradeceu muito e manifestou a sua alegria pela viagem. Apesar de tudo, de toda a implicância e etc, a viagem tinha sido muito importante para ela. A companhia do Ibrahim tinha sido fundamental, naquele momento, e ela se sentia grata, muito grata.

Quando chegaram à Pamukkale, o Ibrahim descobriu uma pequena agência e ajudou a Margarida a comprar a passagem para Selçuk. Não havia ônibus direto de Pamukkale para Selçuk e, por isso, a Margarida ia ter que pegar o dolmuş para a estação rodoviária de Denizli e, de lá, o ônibus para Selçuk. Pois é, a última vez que ela viu o Ibrahim e a mãe dele foi assim. O funcionário da agência viu o dolmuş chegando, assoviou e pediu para esperar. Desceram a rua correndo até o ônibus e nem tiveram tempo para se despedir. Assim que a Margarida entrou, o ônibus arrancou e levou-a embora e os dois ficaram lá.
 
Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia

Margarida continuava sem saber direito se era só o ciúme da mãe que a levou a agir assim ou se havia, também, outra razão. Muito tempo depois, Margarida ficou pensando se as despesas da viagem teriam sido demais para eles e, por isso, estavam desistindo naquele ponto e não se sentiam à vontade para confidenciar isso. Ela nunca soube e, também, nunca perguntou.

Hierápolis, Pamukkale, Denizli, Turquia
Hierápolis - Pamukkale - Denizli - Turquia


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Todas as publicações deste blog pertencem à Leda Chaves Erdem.

Neste blog, todos os comentários serão moderados.